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7 livros poéticos para 2017


1. CICATRIZ - EDUARDO GUIMARÃES 


O livro Cicatriz, segundo depoimento do autor, reúne poemas escritos desde 1995 e é feito dos poemas que, presentes, nele estão reunidos, e de outros tantos que formam ausências, sentidas, contudo, no corte e na cicatriz de seus descartes. Assim, encarte e descarte formam uma das tensões poéticas do livro de Eduardo Guimarães, ao lado da remissão e do corte entre os poemas e mesmo no interior de cada poema. No arranjo final do livro, essas tensões aparecem como que numa narrativa, cuja sintaxe, pelo estranhamento das combinações, mais do que representar a dúvida, o caminho entrecortado que a produziu, apresenta o próprio poema “W ou V” como o modo da dúvida estampado na forma de sua anunciação. 
  • Livro editado por Ateliê Editorial 
2. SALGADO MARANHÃO POR IRACY CONCEIÇÃO 

A poesia de Salgado Maranhão transita por uma contradição harmoniosa de opostos, propi
ciando ao leitor inquietude e também o fascínio diante da tessitura semântica distinta e das imagens criadas. Coube à mestre em Literatura Portuguesa pela UERJ, Iracy Conceição de Souza analisar o universo poético do autor, revelando questionamentos filosóficos e estados da alma contidos em sua obra. Este título da Ciranda inclui ainda uma antologia de poesias de Salgado Maranhão publicadas em livros como O beijo da fera, Punhos da serpente e Sol sanguíneo. 
  • Livro editado pela EDUERJ 

3. PEGADAS NOTURNAS - DISSONETOS BARROCKISTAS - GLAUCO MATTOSO 

Antologia de 86 sonetos de Glauco Mattoso, poeta comumente denominado “maldito” e “pornográfico”. Dois de seus temas usuais, a cegueira e o fetiche por pés, estão presentes aqui: “Se é rei quem tem um olho em terra cega,/ o cego é escravo em terra de caolho./ […]// Depois que fiquei cego, ninguém nega,/ meu amanhã jamais sou eu que escolho./ Se é noite o dia todo, eu sói me encolho,/ pois sei onde é que o pontapé me pega.// No fundo, a sensação que mais molesta/ é estar preso no escuro do porão/ enquanto quem enxerga faz a festa.// No chão, sentindo o peso do pisão,/ um único consolo a mim me resta: lamber a sola de quem tem visão”. A edição inclui entrevista a Claudio Daniel e prefácio de Franklin Alves. 
·        Livro editado pela Editora Lamparina 

4. MENSAGEM - FERNANDO PESSOA - ORG. Cleonice Berardinelli 

Única obra publicada em vida por Fernando Pessoa (1888-1935), cerca de um ano antes de sua morte, Mensagem é uma exaltação ao passado glorioso português e aos personagens que edificaram Portugal, transformando-se em referenciais da história e do imaginário lusitano. Mas a obra é, sobretudo, uma das mais importantes – e belas – já escritas em língua portuguesa. Dessa maneira, é sempre possível retomar este clássico. É o que faz aqui Cleonice Berardinelli em uma edição preparada a partir de documentos fundamentais: o original datilografado do conjunto de poemas e a primeira edição da obra, datada de 1934, ambas com correções feitas de próprio punho por Fernando Pessoa, que conferem caráter inédito a esta publicação. A edição conta ainda com uma série de reproduções dos documentos originais e manuscritos de Pessoa e um conjunto de ensaios em que Cleonice analisa aspectos históricos, traçando um rico panorama dos personagens que atravessam o livro, e estruturais, desmembrando os poemas à luz de uma obra ainda em estado de elaboração. Abre, assim, novos caminhos de compreensão e, com habilidade de capitã, nos conduz pelo mar sem fim desta Mensagem. 
·        Livro editado pela Edições de Janeiro 

5. O VENTO DA NOITE – EMILY BRONTË - EDIÇÃO BILÍNGUE 

Único livro no país que reúne exclusivamente a poesia de Emily Brontë, autora de O morro dos ventos uivantes, este volume traz 33 poemas da escritora inglesa.
 Publicado no Brasil originalmente em 1944, como parte da primorosa Coleção Rubáiyát, da editora José Olympio, O vento da noite, traduzido por Lúcio Cardoso, retorna em edição bilíngue pela Civilização Brasileira. É uma bela oportunidade de reviver o encontro entre dois grandes nomes na literatura e de observar as especificidades que permeiam os processos de criação do autor e do tradutor – uma relação marcada pela sensibilidade, intimidade, escuta e delicadeza. A edição é organizada e apresentada por Ésio Macedo Ribeiro, organizador dos Diários, de Lúcio Cardoso. A prestigiada tradutora Denise Bottman assina o texto de orelha. 
·        Livro editado pela Civilização Brasileira 

6. CHRISTIAN PRIGENT POR MARCELO JACQUES DE MORAES 

O carioca Marcelo Jacques de Moraes, professor de literatura francesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com ensaios publicados no Brasil e na França, reflete sobre o trabalho poético de Christian Prigent, inscrito na tradição da moderna poesia francesa, entre o literário e o político, entre a experimentação da linguagem e a experiência do cotidiano, da vida comum. Para Prigent, “não se escreve sem romper os laços, sem desfigurar a crença no laço, sem pôr em perigo todos os laços que trançamos com a vida”. 
·        Livro editado pela EDUERJ 

7. NOVOS POEMAS – CARLOS VOGT 

VOGT-SE. O livro Novos Poemas reúne as coletâneas “Bandeirolas”, “Bolinhos de Chuva” e “Dedo de Moça”. Poemas leves, feito bandeirolas; de extrema doçura, quais bolinhos de chuva e com direito a certas maldadezinhas picantes, como dedos-de-moça. Estamos diante de textos para serem deliciados com parcimônia e, desse modo, provocar-nos a reflexão a respeito de singularidades que abarcam o sentido da vida e assim tê-la na fragrância das palavras sem qualquer medida. Alquimista da linguagem, Vogt traz-nos Novos Poemas como velhos amigos a convidar-nos para degustarmos um pinot noir ou versos elaborados à precisão sem, contudo, perder a magia da sensibilidade. 
·        Livro editado pela Ateliê Editorial 



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