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12 livros para ler em 2016

1. O Homem que corrompeu Hadleyburg - Mark Twain



Hadleyburg é uma pequena cidade norte-americana conhecida pela honestidade de seus habitantes. Um forasteiro, sentindo-se ofendido em sua passagem por lá, põe em ação um plano de vingança que pretende desfazer a alcunha de integridade não apenas dos que lhe ofenderam, mas da cidade inteira.

Escrito em quartos de hotel logo após a morte da filha, enquanto o autor cumpria uma agenda de leituras na Europa e também fugia de credores de seu país, O HOMEM QUE CORROMPEU HADLEYBURG desenvolve com excelência fundamentos que definem uma sátira: a ironia fina, o humor, o sarcasmo fazendo parecer leve uma crítica severa às certezas de uma época, de seus hábitos, de suas pessoas.
E como a literatura mais magistral, esta novela subverte qualquer tentativa de conclusões fáceis: Hadleyburg é arruinada ou libertada? O misterioso forasteiro é um vilão ou um herói? É este um livro de vingança, ou de redenção? Fica claro, porém, que se está diante da complexidade do caráter humano vasculhado por um mestre no auge de sua forma.

2. Rumo à Vertigem ou A Arte de Naufragar-se - Wassily Chuck


A fugacidade e a alteridade do ser, do ente e do homem se revelam perante o nada e seus correlatos objetivos: as imagens da viagem, do mar, da noite, do naufrágio e da morte, recorrentes neste Rumo à Vertigem ou A Arte de Naufragar-se que, agora, se oferece ao leitor inteligente e exigente, bem como ao leitorado que nada espera além da fruição sensível de uma poesia encantadora, embora profundamente melancólica. 

É preciso compreender a poesia de Wassily Chuck não como fuga darealidade, mas como fuga para a realidade, em surdina, canto à “bocca chiusa” ou por meio do silêncio eloquente e comovente como um grito visceralmente sofrido, lúcido e autenticamente humano

3. O formigueiro - Ferreira Gullar


O poeta explica que concebeu este livro-poema em 1955. Como decorrência de seu embate com as palavras, depois de A luta corporal (1954). Quem acompanha a produção de Gullar (1930), sabe que ele parte de uma linguagem convencional para a dissolução do discurso, que o levou a um beco sem saída em sua obra poética. Gullar explica: “A luta contra a sintaxe tinha sido o problema central de A luta corporal e O formigueiro era apenas uma maneira de enfrentá-lo”. O livro-poema, composto artesanalmente em letra set, só aparece em 1991 e, desde então, está fora de catálogo, tornando-se obra de colecionador. Esta edição vem colocar luz sobre este período importante em sua trajetória e permitirá ao leitor conhecer e refletir, quase 25 anos depois, os caminhos traçados por Gullar. Assim, vai entender por que ele é um dos mais talentosos e corajosos intelectuais do país. Considerado hoje, por unanimidade, o maior poeta brasileiro em atividade.

4. H Stern: A história do homem e da empresa - Consuel Dieguez


Ao articular pesquisa histórica profunda a fotos, cartas e documentos inéditos, H Stern: A história do homem e da empresa capta o espírito dos tempos – as dúvidas, anseios e desafios do homem, do indivíduo – para reconstituir a vida de Hans Stern desde a fuga da Alemanha nazista até seus últimos dias no Brasil, onde construiu o que viria a se tornar uma das empresas brasileiras mais bem-sucedidas da história.
Com argúcia e simplicidade, além da valorização das pedras brasileiras e do desenvolvimento de estratégias inovadoras no treinamento dos vendedores e no trato com os clientes, Hans Stern fez da H.Stern uma companhia de prestígio internacional. Sua impressionante trajetória é aqui apresentada pela brilhante jornalista Consuelo Dieguez.

5. Clockwork Angels: os anjos do tempo - Kevin J. Anderson

O melhor ponto de partida para uma aventura é uma vida perfeita e tranquila... e alguém que percebe que isso não é o suficiente.
No mundo do jovem Owen Hardy, tudo tem sua hora para acontecer. Ele vive em uma sociedade aparentemente perfeita, graças à administração precisa do Relojoeiro. A vida segue um roteiro cuidadosamente planejado para que nada afete a estabilidade conquistada depois de anos de guerras. Até o dia em que, pela primeira vez, um imprevisto acontece e Owen se vê abandonando sua terra natal para viver uma grande – e imprevisível – aventura, entre civilizações perdidas, piratas, anarquistas e alquimistas.
Os Anjos do Tempo é uma história de ficção científica escrita pelo mestre do gênero steampunk Kevin J. Anderson, inspirada nas músicas da lendária banda de rock Rush, em parceria com o compositor e baterista Neil Peart. Uma fábula “nostálgica, estranha e encantadora”, ilustrada pelo premiado designer Hugh Syme, sobre a beleza que há na luta entre a ordem e o caos, entre a realidade e o sonho.

6. Pão E Circo - Paul Veyne


Panem et circenses: por qual motivo a elite romana organizava jogos e distribuía trigo para a plebe? Prática diversionista? Clientelismo? Despolitização? Populismo? Esta obra monumental de Paul Veyne reúne uma investigação minuciosa sobre as origens dessa prática tão comum a aristocratas e imperadores. Juvenal via ali a derrocada da república; a massa trocava seus votos por diversão e alimento.
Veyne descontrói essa interpretação monolítica e oferece uma complexa chave de leitura para a compreensão dos acontecimentos históricos, sociais e políticos. Mais que simples mecanismo de controle da plebe, a política do pão e circo remete a práticas herdadas das cidades-Estado gregas de comprometimento com o bem comum, as quais tanto embutem um sentido de dever, como também são usadas como demonstração de superioridade. Apropriadas de modo específico pela elite romana, conforme as características de sua sociedade, essas liberalidades oferecidas ao povo são contextualizadas historicamente e caracterizadas por Veyne como “evergetismo” – um fenômeno mais amplo em que, por diversas motivações, aristocratas realçam sua posição social por meio de doações ostentatórias para a coletividade.

7. O FOGO - Henri Barbusse
Prêmio Goncourt de 1916

O fogo retrata a vida de um pelotão de homens simples, vindos de diversas partes da França, e que esperam apenas sobreviver à Primeira Guerra Mundial e voltar à normalidade. A incompreensão das razões e propósitos da guerra justamente por quem costuma perder a vida nela, o desalento pelo descaso dos superiores, a generosidade no convívio entre soldados, a angústia da espera e a paradoxal monotonia do quotidiano da guerra são retratadas de maneira exemplar e comovente. 
Publicado durante “a guerra para acabar com todas as guerras”, permite que o leitor anteveja de forma singular o quão devastadora ela seria.

8. Aulas de literatura: Berkeley, 1980 - Júlio Cortazar
Aulas magistrais do autor de O jogo da amarelinha, com um tom informal e coloquial

Berkeley, Califórnia, outono de 1980. Depois de anos negando, Julio Cortázar aceita dar um curso universitário de dois meses nos Estados Unidos. Como se poderia esperar, não se tratam de conferências didáticas, mas de conversas sobre literatura e sobre tudo acerca da sua experiência como escritor e a gênese de suas obras. As aulas tratam de temas diversos, como o conto fantástico, a musicalidade, o humor, o erotismo, o realismo e o lúdico na literatura.

O livro é o resultado de uma minuciosa e fiel transcrição das treze horas de gravação das conversas entre o autor e o público presente nas classes. Dividido em temas, a obra permite que o leitor mergulhe no universo cortazariano e entenda um pouco sobre seus processos de criação, sua evolução como escritor, o sentido de um livro como O jogo da amarelinha e de que forma ele foi escrito.

9. Melancolia (Melancholia I-II) - Jon Fosse


Lars Hertervig é um jovem norueguês quaker de origem pobre. Graças à ajuda de um mecenas, estuda arte em Düsseldorf, na Alemanha, mas padece com terríveis inseguranças, obsessões sexuais e delírios incapacitantes.

Em uma prosa hipnótica, magnética, o dramaturgo e escritor norueguês Jon Fosse descreve emMelancolia um dia de crise e a sua repercussão anos mais tarde na vida do próprio Hertervig– e mais de um século depois na vida de um escritor inspirado pela obra do artista, que existiu de fato.
Retrato extraordinário da mente perturbada de um artista, o livro revela uma consciência assustadoramente frágil, mas capaz de apreender com grande sensibilidade a beleza e a luz que há no mundo.

10. DIÁRIO DE UM ESCRITOR (1873): MEIA-CARTA DE UM SUJEITO - DOSTOIÉVSKI


Originalmente, os textos foram produzidos para sua coluna jornalística de mesmo nome (“Diário de um escritor”), a qual, de início, era publicada pela revista O cidadão e, depois (a partir de 1874), de modo independente em outros periódicos. Foi com essa coluna que Dostoiévski conquistou em sua época mais notoriedade como polemista do que como escritor de romances, tornando-se referência obrigatória no debate público russo.

O interesse pelo Diário, porém, não reside apenas nas polêmicas de seu tempo: em suas páginas, o leitor terá a chance de acompanhar o próprio processo criativo do autor, que “constrói uma teoria estética ao mesmo tempo que a aplica”, como observa Irineu Franco Perpetuo na Apresentação da obra.
A publicação integral do Diário está dividida em quatro partes:
1. Diário de um escritor (1873) – coluna para a revista O cidadão;
2. Diário de um escritor (1876) – coluna independente;
3. Diário de um escritor (1877) – coluna independente;
4. Diário de um escritor (1880–1881) – coluna independente (Adendo: textos avulsos de 1873 a 1878 para a revista O cidadão)

11. As raízes do Romantismo - Isaiah Berlin

O filósofo Isaiah Berlin trata nesse livro das origens filosóficas do Romantismo, movimento que irrompeu no final do século XVIII na Europa, revolucionando o pensamento e as artes.

Com clareza, elegância e erudição incomparáveis, o filósofo analisa a obra dos principais pensadores e artistas românticos - como Herder, Fichte, Schelling, Blake e Byron - e reflete sobre sua herança intelectual, estética e política, em particular a contribuição para o erguimento de valores centrais da democracia, como a liberdade, o pluralismo e a tolerância.
Fruto de seis conferências feitas em 1965 na National Gallery of Art, de Washington, As raí­zes do Romantismo é um dos trabalhos mais importantes de Berlin e também uma das melhores introduções já feitas ao movimento que, nas palavras do autor, provocou "a maior mudança já ocorrida na consciência do Ocidente".



12. O amante japonês - Isabel Allende

Em 1939, ano da ocupação da Polônia pelos nazistas, Alma Mendel, de oito anos, é enviada pelos pais para viver em segurança com os tios em São Francisco. Lá, ela conhece Ichimei Fukuda, filho do jardineiro japonês da família. Despercebido por todos ao redor, um caso de amor começa a florescer. Depois do ataque a Pearl Harbor, no entanto, os dois são cruelmente separados. Décadas depois, presentes e cartas misteriosos são descobertos trazendo à tona uma paixão secreta que perdurou por quase setenta anos. Varrendo através do tempo e abrangendo diferentes gerações e continentes, O amante japonês explora questões de identidade, abandono, redenção, e o impacto incognoscível do destino em nossas vidas.

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