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Quem roubou a Mona Lisa?

Seguindo os passos da história, os autores do livro Os crimes de Paris (Três Estrelas, 2013,  Dorothy e Thomas Hoobler, Tradução Maria José Silveira, 464 páginas, R$55,00) deixam qualquer fã de CSI de boca aberta.
Tomando como partida um dos crimes mais famosos do início do Século XX, o roubo da pintura mais famosa do mundo - Mona Lisa - do Louvre, em 1911, o casal de autores Dorothy e Thomas Hoobler aproveitam para narrar outros acontecimentos das ruas negras e claras da capital francesa. É então que o leitor mergulha profundamente no tempo e no espaço parisiense.

A partir desse acontecimento a dupla de autores escreve como se estivessem escrevendo um romance policial. Porém, as vezes a leitura possui um cunho histórico, o que deixa, para mim, a leitura mais agradável. Pois é o ritmo acelerado das ações que dá mais vida às páginas do livro. A estes elementos, os autores ainda incluem na obra um retrato fiel vivido pelo mundo na Belle Époque.
Desenrolando todos os acontecimentos que se seguiram ao roubo, a dupla de autores vai criando um excelente painel cultural desse início do século.

Concomitantemente ao roubo da Mona Lisa, no Louvre, outros crimes são cometidos. Então os autores do livro desenvolvem outras histórias sobre criminologia. Os crimes cometidos nesta época incentivou a polícia a buscar uma série de propostas de segurança que vêm sendo usadas até hoje, como a impressão digital ou ainda o método antropométrico, criado por Alphonse Bertillon, onde possibilita que a medição da distância dos rostos dos supeitos como uma forma de verificação a fim de comparar com as fichas policiais. É com exemplos como este que os autores mostram como as tecnologias se desenvolveram de lá para cá par ajudar a resolução de crimes. É legal descobrir como um crime desenvolvido nos corredores do Louvre dá origem a tantas outras histórias.


Curioso é ver que até grandes nomes das artes estiveram entre os suspeitos do roubo de Mona Lisa, como o pintor Pablo Picasso e até o poeta Guilherme Apollinaire, quando na verdade o suspeito real se chamava Vincenzo Peruggia, que, pasmem, não chegou nem a ser preso. Peruggia era funcionário do Louvre e após roubar a tela, saiu do país e tentou vendê-la em Londres, mas não conseguiu. Então ele partiu para a Itália, com a desculpa esfarrapada de devolver um uma pintura de origem italiana à própria Itália. (Isso não é Spoiler, visto que o fato é historicamente conhecido e divulgado).

Um livro muito bem escrito e que nos aguça a ponto de queremos ir pular para as últimas páginas para sabermos o fim da história. Os fãs de Dan Brown certamente irão adorar este livro escrito a 4 mãos.
Com 22 páginas de bibliografia não é de espantar a excelente pesquisa feita pelo casal. Isso demonstra o quanto a dupla se esforçou para a construção dessa trama. Para quem aprecia Índices Remissivos, o livro tem 15 páginas disso.
Tá recomendado para estudantes de História, Letras, Arquitetura e todas as artes em geral. O livro é de gosto tão eclético que chama a atenção até daqueles que torcem o nariz para um livro sobre criminologia ou suspense.
De 1911 para cá Mona Lisa permanece famosa. Já o ladrão, esquecido.
A dupla de autores

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OS AUTORES
Dorothy e Thomas Hoobler, ambos norte-americanos, escreveram a quatro mãos várias obras de ficção e história para o grande público, entre elas Captain John Smith: Jamestown and the Birth of the American Dream (2005) e The Monsters (2006). Ela é formada em história pela New York University; e ele, em língua e literatura inglesa pela University of Notre Dame.
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Comentários

  1. Oi Thiago!
    Tudo bem?

    Fiquei bem interessada o livro. Apesar de me cansar fácil quando o livro tem fatos históricos demais, tive a impressão, diante de sua resenha, que este é diferente!

    Beijos!

    Fabíola Carvalhais
    http://www.pausaparapitacos.blogspot.com.br

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