Pular para o conteúdo principal

Livro bom vem vindo aí pela Editora Belas Letras

 OS ANJOS DO TEMPO DESEMBARCAM NA BELAS-LETRAS  

Seja bem-vindo a Albion, uma cidade pacata onde tudo é regido pelo tempo. Sob o comando do Relojoeiro, uma figura imponente de ordem extrema, estão moradores comuns e acomodados. A não ser por Owen Hardy, é claro. Um jovem de 16 anos que resolve questionar a importância de cada pessoa decidir a própria vida. Burlando qualquer previsão, Owen dá início a uma jornada por um mundo alternativo criado em uma parceria que une dois grandes nomes: o baterista da banda Rush, Neil Peart e o escritor best-seller Kevin J. Anderson.

Essa é a sinopse de Clockwork Angels: os Anjos do Tempo, próximo lançamento da Belas-Letras. A trama expande o universo criado nas letras da banda Rush em seu 20º álbum de mesmo nome. A escolha da publicação se deu por votação dos leitores, que tinham à disposição outros 3 títulos do baterista da banda Rush, Neil Peart (The Masked Rider, Traveling Music e Far and Away). Acompanhe um conteúdo especial e exclusivo do livro, que tem pré-venda marcada para o dia 08/12.
Entrevista
BRUNO MATTOS


"É impossível que os fãs da banda não se interessem"
Tradutor de Clockwork Angels: Os Anjos do Tempo conta sobre a experiência e os desafios em traduzir a obra;
x
Belas-Letras: O que há de mais curioso em “Clockwork: Os Anjos do Tempo?”
Bruno: Sem dúvidas, o que mais atrai a minha atenção no livro é o universosteampunk, que para mim é um dos elementos mais fascinantes da ficção científica. É muito interessante essa questão de "imaginar o futuro a partir do passado", como se diz, imaginando como seria o nosso mundo se a tecnologia tivesse enveredado por outros caminhos possíveis. De certa forma, o steampunk é uma espécie de arqueologia da ficção científica - é imaginar como poderiam ter sido as obras especulativas se elas tivessem sido escritas 500 anos atrás.

Belas-Letras: Houve alguma dificuldade em adaptar o universo do livro? O texto tem um vocabulário bem específico da ficção-científica (como por exemplo, via vapórea). Como você adaptou esses termos para o português?
Bruno: Tradução sem dificuldade não existe. Nesse caso, acho que o mais complicado era a tradução de termos próprios ao gênero steampunk, o que exigiu bastante pesquisa. Isso foi desde os nomes para componentes de relógios até palavras que não existem nem em inglês. Parte delas eu peguei emprestada de outros livros do gênero publicados no Brasil, mas em outros casos foi necessário inventar algo, tentando recriar o caminho percorrido pelo autor para chegar àqueles termos.

Belas-Letras: E além desses termos, há um vocabulário bem rico, palavras não utilizadas no dia a dia (pelo menos na versão traduzida). Como você selecionou essas palavras?
Bruno: A riqueza de vocabulário surgiu de forma natural, porque o texto original também tem essa característica. A ficção especulativa costuma ter uma atenção especial para os detalhes, como forma de legitimar os aspectos "fantásticos" que surgem ao longo das histórias. É uma maneira de mostrar que, embora o nosso mundo não tenha a mesma estrutura que aquele universo ficcional, ele poderia ter. Acredito que seja por isso que o autor utilizou nomenclaturas referentes a peças de relógio, partes mecânicas, etc. Sem isso, a tradução não funcionaria.

Belas-Letras: Em que sentido os fãs da banda Rush poderão se identificar com a história?
Bruno: Bom, o livro é inteiramente baseado no álbum Clockwork Angels, então acho que é impossível que os fãs da banda não se interessem pelo texto. O trabalho do autor em conjunto com o Neil é muito interessante porque, ao invés de simplesmente adaptar as letras do disco para transformá-las em um romance, o que eles fizeram foi reunir todos os elementos que apareciam nas canções e expandir o mundo em que eles estavam inseridos. Tenho certeza de que os fãs vão gostar muito da experiência de comparar aquilo que haviam imaginado ao ouvir o disco com a versão escrita pelo Kevin Anderson. E o fato de Neil Peart ter participado do processo contribuiu muito para isso. No posfácio do livro, o baterista do Rush conta um pouco de como foi essa experiência de trabalhar em conjunto - algo que eles já pretendiam fazer havia muitos anos, e que só se concretizou agora. E fica claro que há uma mão do Neil por trás de cada detalhe, já que ele atuou ao mesmo tempo como um co-criador e um consultor do universo do livro (que, afinal de contas, foi criado por ele). O fato dos dois terem trabalhado juntos garante que a atmosfera seja perfeitamente adequada àquela do álbum.
 

BRUNO MATTOS, responsável pela tradução de Clockwork Angels, é tradutor, jornalista, editor e crítico literário. Em 2012, cursou Tradução e Literatura e Cultura de Línguas Modernas (ênfase em inglês) na Universidad Autónoma de Madrid, na Espanha. Atua como tradutor para diversos sites, editoras, veículos de comunicação e produtoras de cinema. 
Clique aqui para ler o primeiro capítulo de Clockwork Angels: Os Anjos do Tempo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

[Curiosidades] Xingamentos em um português culto

Se é pra xingar, vamos xingar com um português sofisticado. Aqui neste post você vai ler algumas palavras mais cultas e pouco usadas quando se quer proferir uma série de palavrões onde a criatura não entende patavina nenhuma. Antes, porém, de você aprender algumas palavrinhas, conheça esta historieta: Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:  - Oh, bucéfalo anácrono!Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o

Resistência do amor em tempos sombrios

Terceiro e último livro de uma trilogia que a escritora gaúcha iniciou com A casa das sete mulheres, o volume Travessia encerra a Trilogia Farroupilha com um personagem que, no dizer da autora, é comum a toda a história: Garibaldi, este carismático personagem que aparece no início do primeiro livro, quando principia um amor platônico com a meiga Manuela, a filha do Bento Gonçalves. Mas como já acompanhamos nos volumes anteriores, a família da moça não compactua com o romance, impedindo, pois, o contato de ambos. Se no primeiro livro a escritora se atém a contar a história da família concomitante à Revolução Farroupilha, tendo como cenário a Estância da Barra, a casa na qual ficaram 7 mulheres da família de Bento Gonçalves, no segundo volume já temos como plano histórico a Guerra do Paraguai, além de mudar a perspectiva para o romance de Giuseppe e Anita, a mulher atemporal que provoca uma paixão no general e guerreiro italiano. Ana Maria de Jesus Ribeiro, ou Anita, sempre dava um

De Clarice Lispector para Tania Kaufmann

Conforme eu tinha anunciado ha meses, o blog Papos Literários divulgará com frequência uma série de cartas famosas do mundo da literatura ou da música. Hoje trago na íntegra a carta de uma das escritoras mais queiridinhas dos brasileiros, além de ser famigerada nestes tempos de facebook ee twitter. Confira a f amosa carta de Clarice para a sua irmã Tania Kaufmann. Clarice em sua árdua tarefa de escrever _____________________________________________ A Tania Kaufmann Berna, 6 janeiro 1948 Minha florzinha, Recebi sua carta desse estranho Bucsky, datada de 30 de dezembro. Como fiquei contente, minha irmãzinha, com certas frases suas. Não diga porém: descobri que ainda há certas frases suas. Não diga porém: descobri que ainda há muita coisa viva em mim. Mas não, minha querida ! Você está toda viva! Somente você tem levado uma vida irracional, uma vida que não parece com você. Tania, não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar