Um livro que esmiúça a vida daquele que entraria para as páginas da História como o monarca mais novo a governar a nação brasileira é editado no Brasil com esmero e sucesso
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Diz a máxima: "Conheça o passado a fim de compreender o presente".
É justamente isso que deve ser feito em tempos de escândalos políticos que tomam de conta do cenário nacional. Qual o porquê dos reais acontecimentos atuais? Um olhar atento sobre os acontecimentos pretéritos ajudaria a compreendê-los melhor.
Quando um brasilianista (estrangeiro que estuda o Brasil) passa décadas se dedicando ao entendimento do período monárquico da política brasileira, podemos esperar de sua obra um monumento a ser visualizado de longe.
É o que acontece com o livro Imperador Cidadão (Roderick J. Barman, Tradução de Sônia Midori Yamanoto, Editora Unesp, 624 páginas, R$75,00).
As 15 páginas de referências bibliográficas não negam! Estamos de frente com um livro que comprova o resultado de uma biografia definitiva do sangue real Dom Pedro II, Imperador do Brasil.
Publicado no exterior e vertido agora para a nossa língua o livro revela um imperador disciplinado, inteligente e que despertava simpatia e respeito entre os súditos. Um verdadeiro sangue real que fez o possível para transformar o Brasil num digno Estado Nacional. Barman, o biógrafo, consegue entender e mostrar o porquê do comportamento do Imperador.
A orelha do livro informa: "Figura basilar para a consolidação do Brasil como Estado nacional, D. Pedro II é retratado nesta obra não apenas a partir de suas intervenções políticas e públicas, sempre cuidadosamente pensadas, mas também desde sua intimidade, seus anseios e suas frustrações". Tudo verdade verdadeira!Dom Pedro II em uma página de seu diário define-se como "um homem encerrado numa torre envidraçada". O homem de semblante sério por detrás dessa definição é mostrado em detalhes pelo Historiador.
Mas quem foi mesmo este homem que cheio de sonhos e frustrações dedicou-se a construir um país nos moldes europeus? Quem foi este menino, que com 14 anos teve que herdar o domínio e governo de um império? Perguntas como essas são respondidas ao longo dos 12 capítulos, longos por sinal.
O livro começa com o seu nascimento e vai até a recuperação de sua figura.
Apesar de 6 centenas de páginas, não encontramos enchimento de linguiça. A vida do Imperador é tão pormenorizada que quase chega a ser enfadonho saber de certos detalhes de sua vida.
Tais detalhes são frutos de uma extensa pesquisa empenhada por Barman, munido de uma vasta documentação que lhe rendeu elogios por historiadores renomados. Além de recorrer aos diários de D. Pedro, há informações valiosas, como aquela onde o biógrafo conta a preparação dele para tornar-se imperador após o seu aniversário de 15 anos, também contado no livro.
Quando da escolha de D. Pedro II para governar o império, é feita a seguinte observação a respeito de sua personalidade:
"A única queixa quanto ao comportamento de D. Pedro II como monarca era sua falta de desenvoltura social e, em particular, sua taciturnidade. Como ele raramente pronunciava mais do que uma ou duas palavras, manter uma conversa direta era quase impossível" - Página 120
O livro constrói o cenário político da época, retrata o contexto histórico, desmitifica a imagem criada de alguns membros reais, como Teresa Cristina, revela detalhes íntimos da vida da família real, principalmente de D. Pedro. Mesmo quando Barman trata de assuntos de cunho da psicologia ou medicina para destrinchar as razões das doenças e da personalidade de D. Pedro II, ele sabe fazer o que faz e não dá vazante para interpretações grotescas. Ele não joga só o fato, como muitos historiadores fazem, ele descreve os detalhes!
Barman narra tão bem que às vezes nos passa a impressão de estarmos lendo uma obra de ficção. É assim com a sequência de fatos que engendra o casamento de D. Pedro, suas frustrações com Isabel e sua experiência para conquistar a Condessa de Barral. Não é invasão de privacidade, mas o que ficamos sabendo a respeito de sua vida é de necessidade para compreendermos o que levou o imperador a agir em momentos que ficaram nas páginas da História.
A leitura flui e percebemos o quanto Barman preocupou-se em trazer para nós fidelidade à vida do imperador, seja nas narrações, seja nos escritos originais que chegaram até nós.
O livro de Barman acrescenta novos capítulos à vida e à História do Brasil, sobretudo para aquele que foi o último monarca a governar o país. A obra é, antes de ser uma biografia, uma busca pela identidade e uma luta para explicar e discutir as questões que permearam a vida do querido D. Pedro.
O triste é ver como a figura do Imperador foi esquecida pela maioria dos brasileiros. Eu gosto demais de ler biografias de figuras esquecidas e assim propagar aqui no blog ou por onde vou afim de reavivar a memória deles. Com a leitura desta não será diferente.
O livro foi premiado pela American Historical Association conferindo a Barman maior visibilidade como historiador e acima de tudo maior destaque para o biografado.
Recentemente encontrei a imagem do livro associada à figura de José Dirceu. É uma pena ver políticos como ele lerem uma biografia de um homem modelo e não seguir, sequer um dos preceitos herdados pelo imperador.
Um legado para o Brasil atual, a sua biografia é uma leitura necessária. Leitura obrigatória para acadêmicos de História, Letras ou qualquer curso da área de Humanas. Além de ser quase um decreto para os brasileiros que procuram entender a imagem de um dos monarcas que marcou a história da nossa nação e legou para a posteridade a imagem de um homem com personalidade forte e sobretudo, cidadão.
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É o que acontece com o livro Imperador Cidadão (Roderick J. Barman, Tradução de Sônia Midori Yamanoto, Editora Unesp, 624 páginas, R$75,00).
As 15 páginas de referências bibliográficas não negam! Estamos de frente com um livro que comprova o resultado de uma biografia definitiva do sangue real Dom Pedro II, Imperador do Brasil.
Publicado no exterior e vertido agora para a nossa língua o livro revela um imperador disciplinado, inteligente e que despertava simpatia e respeito entre os súditos. Um verdadeiro sangue real que fez o possível para transformar o Brasil num digno Estado Nacional. Barman, o biógrafo, consegue entender e mostrar o porquê do comportamento do Imperador.
A orelha do livro informa: "Figura basilar para a consolidação do Brasil como Estado nacional, D. Pedro II é retratado nesta obra não apenas a partir de suas intervenções políticas e públicas, sempre cuidadosamente pensadas, mas também desde sua intimidade, seus anseios e suas frustrações". Tudo verdade verdadeira!Dom Pedro II em uma página de seu diário define-se como "um homem encerrado numa torre envidraçada". O homem de semblante sério por detrás dessa definição é mostrado em detalhes pelo Historiador.
Mas quem foi mesmo este homem que cheio de sonhos e frustrações dedicou-se a construir um país nos moldes europeus? Quem foi este menino, que com 14 anos teve que herdar o domínio e governo de um império? Perguntas como essas são respondidas ao longo dos 12 capítulos, longos por sinal.
O livro começa com o seu nascimento e vai até a recuperação de sua figura.
Apesar de 6 centenas de páginas, não encontramos enchimento de linguiça. A vida do Imperador é tão pormenorizada que quase chega a ser enfadonho saber de certos detalhes de sua vida.
Tais detalhes são frutos de uma extensa pesquisa empenhada por Barman, munido de uma vasta documentação que lhe rendeu elogios por historiadores renomados. Além de recorrer aos diários de D. Pedro, há informações valiosas, como aquela onde o biógrafo conta a preparação dele para tornar-se imperador após o seu aniversário de 15 anos, também contado no livro.
Quando da escolha de D. Pedro II para governar o império, é feita a seguinte observação a respeito de sua personalidade:
"A única queixa quanto ao comportamento de D. Pedro II como monarca era sua falta de desenvoltura social e, em particular, sua taciturnidade. Como ele raramente pronunciava mais do que uma ou duas palavras, manter uma conversa direta era quase impossível" - Página 120
O livro constrói o cenário político da época, retrata o contexto histórico, desmitifica a imagem criada de alguns membros reais, como Teresa Cristina, revela detalhes íntimos da vida da família real, principalmente de D. Pedro. Mesmo quando Barman trata de assuntos de cunho da psicologia ou medicina para destrinchar as razões das doenças e da personalidade de D. Pedro II, ele sabe fazer o que faz e não dá vazante para interpretações grotescas. Ele não joga só o fato, como muitos historiadores fazem, ele descreve os detalhes!
Barman narra tão bem que às vezes nos passa a impressão de estarmos lendo uma obra de ficção. É assim com a sequência de fatos que engendra o casamento de D. Pedro, suas frustrações com Isabel e sua experiência para conquistar a Condessa de Barral. Não é invasão de privacidade, mas o que ficamos sabendo a respeito de sua vida é de necessidade para compreendermos o que levou o imperador a agir em momentos que ficaram nas páginas da História.
A leitura flui e percebemos o quanto Barman preocupou-se em trazer para nós fidelidade à vida do imperador, seja nas narrações, seja nos escritos originais que chegaram até nós.
O livro de Barman acrescenta novos capítulos à vida e à História do Brasil, sobretudo para aquele que foi o último monarca a governar o país. A obra é, antes de ser uma biografia, uma busca pela identidade e uma luta para explicar e discutir as questões que permearam a vida do querido D. Pedro.
O triste é ver como a figura do Imperador foi esquecida pela maioria dos brasileiros. Eu gosto demais de ler biografias de figuras esquecidas e assim propagar aqui no blog ou por onde vou afim de reavivar a memória deles. Com a leitura desta não será diferente.
O livro foi premiado pela American Historical Association conferindo a Barman maior visibilidade como historiador e acima de tudo maior destaque para o biografado.
Recentemente encontrei a imagem do livro associada à figura de José Dirceu. É uma pena ver políticos como ele lerem uma biografia de um homem modelo e não seguir, sequer um dos preceitos herdados pelo imperador.
Um legado para o Brasil atual, a sua biografia é uma leitura necessária. Leitura obrigatória para acadêmicos de História, Letras ou qualquer curso da área de Humanas. Além de ser quase um decreto para os brasileiros que procuram entender a imagem de um dos monarcas que marcou a história da nossa nação e legou para a posteridade a imagem de um homem com personalidade forte e sobretudo, cidadão.
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Fonte: Site da Editora Unesp
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