No Antiquário
Saiu de casa com um propósito:
naquele dia ele iria comprar o objeto que lhe fizera passar noites sonhando,
afinal, passara meses imaginando a tal compra. Pegou sua bengala, pôs o
chapéu e caminhou ansiosamente até a loja de objetos antigos da pequena cidade.
Cumprimentou a moça do balcão e falou:
- Vim comprar o...
- Ah, sei qual, é Sr. Benedito! O
senhor vem toda semana aqui olhar e com certeza hoje vai levá-lo, não é?
- Sim. Mas antes gostaria de dar
mais uma olhada nele.
-Claro. Vamos até ele.
No corredor, ele foi observando
os inúmeros objetos antigos: luminárias, lustres, poltronas clássicas, baús,
móveis Luis XVI, pinturas rococó, esculturas barrocas, papiros, louças
chinesas, decorativos em porcelana, máquinas, telefones, e outros objetos que
iam lhe deixando fascinado. Porque ele não desejava aqueles outros itens?
Porque ansiava por algo tão pequeno? Chegaram até o seu sonho de consumo. Ele
estava dentro de uma maletinha prateada, interiormente forrada com um veludo
vermelho.
- Posso pegar?
- Claro, Sr. Benedito.
- Mas creio que antes devo
purificar minhas mãos para pegar em um objeto tão, tão...
Ela gargalhou como se fosse uma
pilhéria.
- Há uma pia aqui do lado. Lave
suas mãos e enxugue-as com esta toalhinha.
- Oh, obrigado! Você é muito
gentil.
Depois do ritual de limpeza das
mãos, exclamou:
- Quanto eu sonhei com isso!
Quanto!
E ficou longo tempo admirando. Em
êxtase dirigiu-se para o espelho do lado, colocou-o na altura do ombro, depois
sobre o peito e olhou apaixonadamente a imagem refletida.
- A capa é...
- É de autorrelevo em ouro,
senhor.
- Quando ele foi produzido?
- Em 1866.
- Dia desses a senhorita me falou
que foi uma edição especial limitada.
- Sim.
- E quantos donos ele teve?
- Segundo consta em nossos
registros, ele só passou por 3 mãos. Era item de colecionador da tradicional
família Münchausen e foi vendido para o dono deste
antiquário.
Depois de muito massagear o
objeto, falou.
- Agora devo acertar o preço.
A moça riu novamente,
acompanhou-o até o caixa, que também era um modelo antigo, contabilizou o
produto, recebeu o dinheiro, deu o troco e um grande sorriso e falou
delicadamente:
- Tenha um bom dia Sr. Benedito e
boa leitura!
O tal objeto era um denso volume
do clássico Crime e Castigo...
Hummm... a alma desse velhinho da bengala se parece muito com a de uma certa pessoa que conheço, e que adora ter livros mais que tudo rsrs. Será que essa crônica foi baseada num fato real?? Rsrs, não esqueça de me contar... ;)
ResponderExcluirmeu Deus OGUAOSGAGSUDO.
ResponderExcluirEu acho muito legal esses textos que tu posta, sério.
Tira a gente do tédio na maioria das vezes, tenho que começa fazer o mesmo -q
Estante da Literatura
http://estantedaliteratura.cinealerta.com.br/
Ótimo conto, e ótimo clássico que o vovô desejava. ;)
ResponderExcluirBjs
Achei bem parecido com quando eu compro livros e recebo em casa, hueehu. A emoção é parecida! Enfim, adorei a história, me deixou curiosa até as últimas linhas.
ResponderExcluirBeijos.
Oi Thiago, adorei o post!
ResponderExcluirCostumo namorar os livros em livrarias e sebos, então nada + a comentar além de: me identifiquei! rsrs
até mais!
Prólogo da Leitura
Oooooh que LINDO *-*
ResponderExcluirParece eu qdo eu entro em alguma livraria fico namorando o livro, ai saiu dou uma volta, volto pego no livro, faço isso umas 300 vezes, até que no fim eu compro. Teve uma vez que os vendedores até cantaram. ALELUIA!!! kkkk'
Bruna-Livros de Cabeceira
Que otimo, sensacao gostosa de comprar em sebo!!!Parabens!
ResponderExcluirNossa, que legal esse texto!
ResponderExcluirAcho que eu vou ficar igual a ele... procurando relíquias em antiquários... e claro que essas relíquias vão ser livros!
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Oi Thiago!!!
ResponderExcluirAdorei a crônica!!! Conheço bem esse sentimento!!!
Será que vou ser uma senhorinha desse jeito?! Espero que sim...
Beijos, Karina!
Walking in Bookland
Olá!
ResponderExcluirGostei do seu blog, e já estou seguindo, se gostar do meu siga-o também! Bjus
@AngelKiller_
http://anime-daiki.blogspot.com.br/