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De moto pela América do Sul na companhia de Che


Título: De moto pela América do Sul
Autor: Ernesto Che Guevara
Editora: Sá Editora
ISBN: 858819306X
Ano de lançamento no Brasil: 2001
Número de Páginas: 190
Onde encontrar: Editora Sá / Submarino / Livraria Cultura

Ha 4 anos atrás quando visitei uma lanchonete e lá comprei uma revista com a história do Che Guevara, fiquei doido pra ler um livro sugerido pelos redatores nas últimas páginas da revista. Ha pouco mais de 1 mês eu tive a sorte e a felicidade de selar parceria com a Sá Editora que publica o livro De moto pela América do Sul - Diário de viagem".
Pois bem, vamos à resenha!

Tudo começa em 1951, quando Ernesto Guevara (ainda não conhecido pelo famigerado CHE) decide fazer uma viagem pela América do Sul com o seu fiel amigo bioquímico Alberto Granado. A epopeia dos dois dá-se na garupa de "La Poderosa", um modelo Norton 500 de 1939 que vai resultar em boas aventuras ao longo da estrada.. O objetivo da viagem é partir da Argentina, mais precisamente da cidade de Córdoba (1951) e chegar até à Venezuela, não somente com o espírito aventureiro, mas também para conhecer melhor o continente, pois o próprio Ernesto após a viagem afirma:

" [...] eu, não sou mais eu, pelo menos não sou o mesmo que era antes [...]" (Página 14)

Ao longo da viagem dos dois jovens, acompanhamos a visão que Ernesto vai tecendo em seu diário. Observamos as suas extremas necessidades, pois a medida que eles vão afastando-se da Argentina, maior a necessidade de contarem com auxílio de caronas em caminhões, ajuda de desconhecidos e um pouco de esperteza dos dois, mais de Alberto que de Ernesto.
É importante observar que ao contrário do que imagina-se, este livro não trata-se do Che revolucionário, mas sim de um jovem aspirante a médico que abandona o conforto de sua casa, deixa sua namorada e parte rumo ao desconhecido a fim de presenciar e até viver a miséria do povo latino americano, ainda submetido ao poderio dos Estados Unidos. É assim que conhecemos o lado mais humano de Ernesto Guevara de la Serna com este olhar piedoso, terno e sempre preocupado com causas humanitárias.

Pense bem: que jovem de 23 anos teria a coragem de passar uma temporada entre leprosos e em condições precárias de higiene? Não é à toa que Ernesto é um dos maiores personagens de nossa América Latina. No entanto, o livro não trata muito este lado, pois aqui são apenas relatos coletados posteriormente pelo próprio Ernesto Guevara e editado em um livro. É perceptível sua capacidade narrativa ao contar os fatos que mais parecem ficção do que realidade, de tão engraçadas, emocionantes e tragicômicas que são como: infinitos tombos, privações, a asma de Ernesto, fome, sede e sono.
O livro é daquela espécie ímpar que já nasceu clássico. É envolvente, sensível, reflexivo, humorado, dramático e cheio de aventuras e emoções... É possível rir em um determinado momento, e logo nas páginas seguintes solidarizar-se com os dois. Ao longo da leitura, pode-se verificar o conhecimento geográfico, histórico e social que Ernesto tem da América do Sul e também pode-se perceber que esta viagem e suas impressões/reflexões iria formar o grande revolucionário do futuro.


Esta edição, publicada pela Sá Editora traz um roteiro detalhado da viagem, cartas, mapas e fotos tiradas pelo próprio Che, além de um resumo biográfico. O livro inspirou o filme "Diários de motocicleta", de Walter Salles, que por sinal também é emocionante. Os dois possuem finais diferentes, porém eu senti fortes emoções nos dois. Mas nada compara-se a um livro, e que livro...

"A pessoa que está agora reorganizando e polindo estas mesmas notas, eu, não sou mais, pelo menos não sou o mesmo que era antes. Esse vagar sem rumo pelos caminhos de nossa Maiúscula América me transformou mais do que eu me dei conta.(…)
A menos que você conheça as paisagens que eu fotografei em meu diário, será obrigado a aceitar minha versão delas. Agora, eu o deixo em companhia de mim, do homem que eu era…” (Ernesto CHE Guevara)


________________________________P.S: Sou suspeito para falar do Che Guevara. Eu sempre apreciei revolucionários. Sugiro o livro para todos os jovens sonhadores, aventureiros, fãs de Che Guevara e demais adultos que vivenciaram o período histórico da vida de Ernestito..

Comentários

  1. Aaaaah! OOOO Maaaanheeeeê eu quero esse livro pra mim '*' AGORAAAAAA!
    Ameeei sua resenha...
    To chupando o dedo aqui.
    Bruna - Livros de Cabeceira
    @IWannaRuffles

    ResponderExcluir
  2. Nossa... gostei da história... PARABENS pela resenha... Eu já ouvi falar do filme, mas não sabia que seria uma história assim...

    Abraços...
    Luh - ESCONDIDOS NO LIVRO
    http://escondidosnolivro.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. "revolutionaries wait for my head in a silver plate..." VLV, Coldplay. Bom, foi disso que me lembrei quando você disse que admira revolucionários ;)

    Thi, eu vim aqui pensando que iria encontrar algo falando sobre o lado guerrilheiro de Che. Mas fiquei surpesa ao saber que se trata da outra face dele. Penso que só alguém que seja humanitário, assim como ele foi, possa lutar do mesmo modo que ele um dia fez. Nada melhor que um livro para nos mostrar essa perspectiva de forma rebuscada e íntima - pois uma obra que é capaz de fazer o leitor rir e em seguida solidarizar-se, só pode ser aquela que descreve fiel e sensivelmente seu personagem.
    Amei, de verdade. QUERO LER!

    - E sua resenha ficou muito chyque e phyna, viu! =) Preciso mencionar sua nerdisse? Sim ou Claro? Rsrs.

    Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Oii adorei sua resenha, eu assisti o filme e simplesmente adorei, mostra de uma maneira diferente e unica a história do Che, imagina como esse livro deve ser incrivel, adoro detalhes mais do que ninguem kkkkk.

    Beijos Thayná

    http://escondidosnolivro.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Primeiro parabéns por seu blog ter design para celular, evita muitas transtornos ;)

    acredita que eu sei POUQUÍSSIMO sobre a vida do Che? #vergonha. Nem mesmo o filme eu assisti, mas amo o gênero biografia!

    Enfim, vou aguardar uma oportunidade, neé?

    www.amorporclassico.com

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  6. Uau! Linda resenha, emoção... vontade de reler o livro, valeu

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