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Crônicas de uma sociedade líquida, por Umberto Eco (ou Pape Satàn Aleppe)

Autor profícuo de livros de ficção, como o monumental O pêndulo de Foucault , ou ainda O Nome da Rosa , Umberto Eco também empreendeu estudos teóricos a respeito da teoria da literatura, língua e semiótica. Colunista de vários jornais e revistas, Eco sentia-se confortável opinando sobre vários assuntos em sua coluna, na qual comentava sobre absolutamente tudo: de livromms a programas popularescos de televisão italiana. Fruto dessas crônicas, o livro Pape Satàn Aleppe reúne muitas delas e divide-se em partes: (citar as partes). Este mais recente livro compila 178 crônicas, espalhadas em 14 capítulos. Embora pouco inéditas, já que a maioria foram escritas no período de 15 anos (2000-2015), enquanto escrevia para a coluna La Bustina de Minerva , do jornal italino Espresso , elas contém em si o espírito crítico e bem-humorado tão característico a Eco. A expressão intrigante do título do livro de Eco é de Dante, outro italiano que escreveu uma obra importante para a literatura ocide
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Livros sobre a Semana de 22

Eis aqui uma lista de livros para refletir o legado (ou não) da Semana de Arte Moderna, que agora em 2022 comemora 100 anos. 1922 A semana que não terminou Autor: Marcos Augusto Gonçalves Editora: Companhia das Letras Numa narrativa fluente, elegante e crítica, que mescla linguagem jornalística e relato histórico, o jornalista Marcos  Augusto Gonçalves dá vida aos personagens e descreve as famosas jornadas que animaram o Teatro Municipal nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, durante o festival que ficou conhecido como Semana de Arte Moderna. Ao mesmo tempo em que reconstitui passo a passo o evento, o autor despe o episódio de mitos que o foram cercando ao longo do tempo: desde certas fantasias triunfalistas associadas a uma espécie de superioridade paulista na formação da cultura moderna brasileira, até as versões que, ao contrário, insistem em diminuir a importância histórica dos festivais encenados pelos rapazes modernistas e patrocinados pela elite econômica da emergente Paulic

Um romance não concretizado

O deserto do amor (Le désert de l’amour) Autor: François Mauriac Tradução:Rachel de Queiroz Capa: Leonardo Laccarino Páginas : 182 Editora José Olympio (Grupo Editorial Record) Em O Deserto do Amor , Mauriac traz um triângulo amoroso envolvendo os homens Courrèges, Paul e Raymond ( que são pai e filho) e Maria Cross. Esta foi paciente de Paul e primeiro amor de Raymond. Você pode pensar que até aí não há nada demais, posto que tantos outros já falaram sobre este assunto. O que torna esta obra especial não é o triângulos amoroso em si , mas a ideia que cada personagem faz do ser amado. Não é sobre que se ama, é sobre como cada um se relaciona com o amor. Paul é médico alheio à família, atende Maria quando esta encontra-se "enferma da alma". A personagem, após a viuvez se vê em maus lençóis financeiros, aceitando se relacionar com um homem casado e mais velho para obter ajuda financeira para cuidar do filho pequeno. Acaba perdendo a criança para a e

Quando a poesia muda uma vida

O título do livro não era este. Era Ardente Paciência . Mas o filme baseado no livro ganhou tanta fama (foi indicado ao Oscar em 1996 e ganhou como trilha sonora) que o próprio autor se viu motivado a alterar o nome do livro pelo título homônimo do filme: O carteiro e o poeta . O que é comum ao autor, pois com Um pai de cinema aconteceu o mesmo. Com a força do filme de Selton Mello ( O filme da minha vida ), o escritor chileno Antonio Skármeta parece mesmo estar sempre influenciado pelo poder do cinema.             Este livro de Skármeta conta a relação amigável entre o carteiro Mario Jiménez e o poeta Pablo Neruda. A história é curiosa: Mario tem pouca instrução e está desempregado. Sabendo do surgimento de uma vaga de carteiro nos Correios, resolve se candidatar, pois ele não suporta mais a ideia de ser apenas um pescador como o seu pai ou outros homens comuns da comunidade. Além disso, como Mario tem alergia a peixe, ele queria fugir dessa rotina. Isso é perceptível com o

Resistência do amor em tempos sombrios

Terceiro e último livro de uma trilogia que a escritora gaúcha iniciou com A casa das sete mulheres, o volume Travessia encerra a Trilogia Farroupilha com um personagem que, no dizer da autora, é comum a toda a história: Garibaldi, este carismático personagem que aparece no início do primeiro livro, quando principia um amor platônico com a meiga Manuela, a filha do Bento Gonçalves. Mas como já acompanhamos nos volumes anteriores, a família da moça não compactua com o romance, impedindo, pois, o contato de ambos. Se no primeiro livro a escritora se atém a contar a história da família concomitante à Revolução Farroupilha, tendo como cenário a Estância da Barra, a casa na qual ficaram 7 mulheres da família de Bento Gonçalves, no segundo volume já temos como plano histórico a Guerra do Paraguai, além de mudar a perspectiva para o romance de Giuseppe e Anita, a mulher atemporal que provoca uma paixão no general e guerreiro italiano. Ana Maria de Jesus Ribeiro, ou Anita, sempre dava um

Um farol no pampa [ou de como a guerra destrói planos]

Spin Off  de  A Casa das Sete Mulheres , o segundo livro da trilogia na qual a autora se propõe a contar a história dos pampas gaúchos desde a Revolução Farroupilha, Um farol no pampa   (Bertrand Brasil, 2017, 459 páginas, R$52,90) é uma revelação. Não porque amplie o universo de algumas personagens, mas também porque possui um plano de fundo de um período histórico que muito nos  interessa. Com a vitória do Império, terminada a Revolução Farroupilha em 1845, os revolucionários farroupilhas, assim como os membros da família do general Bento Gonçalves, retratada em livro anterior, retorna à estância da Barra, para seguir a vida com as perdas e os ganhos. Neste novo livro, Bento vive adoentado e recolhido na companhia de sua esposa, Caetana. O livro Um farol no pampa inicia, portanto, no ano de 1847, quando a paz parecia algo definitivo após um longo período de batalhas.             Parecia, mas a vida nada é como planejado. Logo, os homens se verão envolvidos em mais um c